Karina, plural de carioca
Fotos: Juliana Rocha
Fotos: Juliana Rocha
[Fernanda Cintra]
Karina Vela é carioca da gema, sim, mas sem essa de Garota de Ipanema. Apesar de “nascida e criada” no Leblon, atravessa a cidade na maior desenvoltura e vai até Madureira – afinal, não basta a roda de altinha, é chegada também em uma roda de samba. Karina é filha de um casal de professores, foi uma adolescente rebelde, expulsa do tradicional – ou “careta”, como gosta de chamar – Colégio Santo Agostinho, e só pôde viajar quando conseguiu juntar a própria grana. Cursou moda na Veiga de Almeida e, com o mesmo carinho com o qual fala da profissão de estilista, conta suas aventuras à frente do programa “Quatro Remos”, no canal Off.
Aparentemente tudo começou lá trás, quando deu o start na vida de atleta jogando vôlei na AABB, e algum tempo depois, no Flamengo. Virou dona da bola e logo estava invadindo as rodas de altinha, o que na época era território estritamente masculino. Conta com uma grande variedade de esportes no currículo, é verdade, mas o surfe e a altinha, somados à qualquer tipo de remada, são seus maiores xodós. E foi dentro d’água que encontrou seu produtor no “Quatro Remos”, que não hesitou em convidá-la para fazer a travessia Rio-São Paulo em cima de um longboard.
Estar à frente de um programa sem frescuras, e tampouco roteiro, lhe conferiu todo um amor pelo oceano e um senso de desapego incomum. Após anos trabalhando em marcas badaladas com a extinta Philipe Martin, Totem, La Estampa e o grupo Redley-Cantão, tirou férias da rotina de escritório e se mudou para o Havaí, onde foi aprender inglês e a surfar. Primeira vez longe de casa? Que nada! Anos antes Karina havia sofrido uma delicada cirurgia de cabeça, e durante a recuperação decidiu se mudar para Barcelona e fazer uma pós em direção criativa no Instituto Europeu de Design. Mas sem dramas, viu? Segundo a moça, a época foi de transformações positivas, e ela mesma só estava “apertando uns parafusos frouxos”.
Todo esse otimismo é necessário para enfrentar 9h interruptas de remada, semanas de travessia, acampamento, pouca comida e closes impiedosos da filmagem, que por sua vez, não perdoa a falta de maquiagem. Mas tudo bem, a recompensa é grande: em três “edições” do programa, Karina já remou do Taiti até Bora Bora e ao lado de baleias no Canadá. Em seguida, férias mais do que merecidas na Costa Rica e bora surfar. “2013 foi um ano de muitas viagens e mudanças”, completa.
Outro ganho desse ano que passou: a pintura. A moça, que sempre foi chegada em tinta acrílica, foi convidada pra uma expo coletiva na Urban Arts, onde o artista mais votado ganhava uma solo na galeria da Gávea. Não deu outra, em agosto lá estava ela em exposição. Karina, que tem todo um jeito de carioca-marrenta-tatuada, é um doce por dentro, e gosta de debochar da fofura alheia, nem sempre verdadeira, pintando monstrinhos queridos que nos remetem ao universo da toy art, vício do qual a artista garante já ter se curado.
A Karina é assim, múlti, expansiva, falante, ri à beça. Por conta da dobradinha moda + esporte, fica à vontade em qualquer ambiente. “Eu sou assim. Dou dois beijinhos no barraqueiro da praia, abraço o porteiro, o garçom, e também me sinto bem em qualquer restaurante chique”. Assim, típica carioca. Chega cedo na praia e só vai embora depois do sol. Se o trabalho deixar, corre pra assistir ao fim de tarde no Arpoador – aplaudindo o entardecer – ou jogando bola no Coqueirão. Fim de semana sai para encontrar os amigos no 12, e embora seja mangueirense de coração (o pai é um apaixonado pelo samba, coleciona vinis do gênero e todo ano desfila pela escola), tem lá um carinho pela Portela. É como diz o ditado, mais carioca que a Karina, só se forem duas.
Nome: Karina Vela de Brito Pereira.
Mas me chamam só de… Karina ou Karina Vela.
Idade: 31.
Faz o quê: Estilista, artista plástica e apresentadora do Quatro Remos, do Off.
Carioca de… Leblon a Madureira.
Lugar da cidade de que se sente dono: Numa roda de altinha ou numa roda de samba!
Cidade do mundo em que também se sente em casa: Barcelona, Lima e Oahu.
Música que mais combina com o Rio: Zé Keti, aquela do morro! (“A Voz do Morro”).
Música que mais toca no seu iPod: Samba de raiz em geral, mas tô num momento Cazuza, uma fase exagerada (risos).
Adoro… Mar.
Devoro… Brigadeiro de Panela.
Me encharco de… Amigos.
Li e recomendo: “Caçador de Pipas” e “A Paixão segundo G.H.”, da Clarice.
Vi e recomendo: “A Lista de Schindler” e “A Onda”, um filme que aliás não é sobre mar. ;)
Ponto da praia: Do Arpoador ao Posto 12.
Esconderijo (antes dessa entrevista) secreto: Uma praia que eu pego onda, sem crowd, que só dá pra chegar de lancha ou com um esqueminha. Quem conhece vai entender. Mas é secreto, secreto mesmo!
Time: Flamengo.
Escola de samba: Mangueira, com carinho pela Portela.
Bloco: A Rocha.
Signo: Aquário.
Religião: Fazer o bem. Acredito um pouco em tudo e 100% em nada.
Instrumento musical: Amo cavaquinho, mas fico só na caixa de fósforo! rs
Prato preferido: Comida peruana.
Melhor vista do Rio: Pedra do Arpoador e da Gávea.
Meio de transporte: Bike elétrica.
Sonho de consumo: Poder viajar três meses por ano.
Promessa pro ano novo: Beber menos cerveja! (risos). Eu sou uma atleta que bebe cerveja pra caceta! Não tomo suco verde não, meu negócio é arroz, feijão, cerveja e brigadeiro de panela. Também quero ler mais e ser menos impulsiva.
Meta para a vida: Ser feliz. Todo mundo, né?
Faço o estilo… Mil e uma utilidades! (risos). Acho um saco essa coisa de ser uma coisa só.
Pro Rio ficar ainda melhor só falta… Mais amor, por favor!
Esporte preferido: Faço todos, mas meus preferidos são altinha, remadas em geral e surf. O contato com o mar é renovador.
Terapia: Remoterapia.
Quem tem a cara do Rio? Sandra de Sá.
Cor: Branco.
Flor: Rosas, porque têm espinhos!
Maior dor: Ficar longe de quem a gente ama.
Programa de TV: Quatro Remos, claro!
Amar é… Ter certeza de que ama alguém, mesmo quando essa pessoa tá muito chata e reclamona.
Dia ou noite? Dia!
Liso ou estampado? Liso, porque já sou toda estampada. Mas o resto é todo estampado.
Colorido ou P&B? A mesma coisa, P&B porque já sou muito colorida.
Conforto ou elegância? Momentos pra conforto, momentos pra elegância, mas entre os dois eu fico com o conforto.
Quem gostaria de ser por 24 horas? Mandela.
Pra votar na Karina, curta este post e também a foto dela no Instagram do @rioetc!
Comentários